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3 mitos sobre o cérebro

28 de junho de 2018 //

No começo do século 19, um neurofisiologista francês chamado Pierre Flourens conduziu uma série de experimentos inovadores. Ele retirou partes do cérebro de alguns animais como pombos, galinhas e sapos e observou como isso afetava o comportamento deles.

As conclusões do cientista foram claras e relativamente consistentes. “Podemos tirar”, escreveu ele em 1824 “uma parte do lobo cerebral sem destruir suas funções”. Para as faculdades mentais funcionarem corretamente parece ser suficiente “apenas uma pequena parte do lobo”.

Assim a conclusão de Pierre foi transformada em um mito popular: o de que nós, humanos, utilizamos apenas 10% do nosso cérebro. A ideia de Pierre foi incorporada pela primeira vez no trabalho de outro cientista do século 19, Charles-Édouard Brown-Séquard, que em 1987 escreveu que pouquíssimas pessoas desenvolvem muito a capacidade de seu cérebro, e que talvez ninguém a desenvolva totalmente.”

Mas Flourens estava errado, em parte porque seus métodos para avaliar a capacidade mental foram rústicos e os animais estudados foram modelos pobres para as funções do cérebro humano. Hoje a comunidade científica rejeita unanimemente a ideia de que nosso cérebro, como acreditou-se durante décadas, é amplamente inexplorado.

Contudo, o mito persiste. O filme “Lucy”, sobre uma mulher que adquire poderes super-humanos por explorar completamente o potencial de seu cérebro, é apenas a última e mais preeminente expressão desta ideia.

Mitos sobre o cérebro surgem tipicamente desta forma: um intrigante resultado experimental gera uma interpretação plausível que gera especulação e, mais tarde, é reforçada e ainda distorcida. O ‘boato’ é absorvido pela cultura popular e assume vida própria, bastante independente dos fatos que o originaram.

Outro mito é a ideia de que os hemisférios esquerdo e direito são fundamentalmente diferentes. O lado esquerdo é supostamente lógico e detalhista, enquanto o lado direito é a sede da paixão e da criatividade. Este mito surgiu sem pesquisa científica. Em 1860, falou-se que danos causados no hemisfério esquerdo do cérebro poderiam prejudicar mais a linguagem e a coordenação motora do que danos causados no hemisfério direito.

Sabemos que existem diferenças, ainda que sutis, entre um lado e outro do cérebro, mas ainda estamos distantes de saber como isso altera a função de cada lado. O fato é que os dois lados do cérebro são mais semelhantes do que diferentes e ambos os lados participam da maioria das tarefas, principalmente das mais complexas, como atos de criatividade e talentos da lógica.

Nos últimos anos, surgiu um novo mito sobre o cérebro: o mito dos neurônios-espelho, segundo o qual um tipo de célula cerebral descoberta em macacos é a chave para entender a mente humana.
Os neurônios-espelho são ativados tanto quando um macaco gera suas próprias ações, como alcançar um pedaço de fruta, quanto quando observa outros que estão realizando a mesma ação que eles.

Alguns cientistas tem argumentado que essas células são responsáveis pela habilidade dos macacos de entender as ações de outros macacos, simulando as ações em seu próprio cérebro. Alguns dizem que humanos têm seu próprio sistema espelho (provavelmente verdade), que não só nos permite compreender ações, mas também armazena uma ampla gama de nossas capacidades mentais – linguagem, imitação, empatia -, além de transtornos como o autismo.

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O mito dos neurônios-espelho escapou do laboratório e está começando a encontrar seu caminho na cultura popular. Você pode ouvir, por exemplo, que assistir a um jogo de Copa do Mundo é uma experiência intensa porque nossos neurônios-espelho nos permitem experimentar o jogo como se estivéssemos no próprio campo, simulando cada chute e passe.

Mas como outros mitos antigos, essa especulação perdeu a conexão com os dados. Agora reconhecemos que os próprios movimentos físicos não determinam exclusivamente nossa compreensão deles. Afinal, podemos compreender as ações que não podemos realizar (como voar) e um único movimento pode ser entendido de muitas maneiras.

A pesquisa mostra que a disfunção do sistema motor, por exemplo, na paralisia cerebral, no acidente vascular cerebral ou doença de Lou Gehrig, não exclui a possibilidade de compreender as ações (ou desfrutar de jogos da Copa). Assim, as teorias desenvolvidas mais recentemente da função de neurônios-espelho enfatiza seu papel no controle motor ao invés de compreender ações.

Então, por favor, tome cuidado. Pouco cuidado com mitos hoje pode evitar muito absurdo neurocientífico mais tarde.

Gregory Hickok é professor de ciência cognitiva na Universidade da Califórnia, em Irvine, é o autor do próximo livro O Mito dos Neurônios-Espelho: A Real Neurociência de Comunicação e Cognição.
Este artigo foi traduzido do site do jornal americano New York Times.

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