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A volta às aulas presenciais e os novos desafios

13 de agosto de 2021 //

Reinventar. Verbo transitivo direto que, segundo o Dicionário Priberam, significa “mudar a maneira como algo ou alguém funciona ou se comporta”.

Essa é, sem dúvida, uma palavra que representou a vida de todos os educadores durante a pandemia. O novo modelo de aula colocou desafios tanto na metodologia quanto nas práticas, desorganizando, transformando e (re)organizando a dinâmica entre professor e aluno.

Neste cenário de grandes desafios devemos reconhecer os cuidados e medidas adotadas pelos educadores para continuar o trabalho realizado em sala de aula e os esforços para que esse momento pandêmico impactasse o mínimo possível o aprendizado de sua turma.

Como resultado, vimos festas juninas e Dia das Crianças sendo comemorados por drive-thru, grupos e atendimentos personalizados por WhatsApp, visitas para entrega de material didático e diversas outras ações que os professores tomaram para mitigar os impactos desse período tão caótico.

E agora, com o fim da pandemia cada vez mais próximo, muitas escolas já estão retomando gradativamente as aulas presenciais.

Além dos protocolos de segurança exigidos, como o distanciamento social, uso do álcool em gel, máscara e demais normas de segurança, há uma outra dimensão extremamente complexa que deve ser considerada: a emocional.  

Novos desafios…

Isso quer dizer que o desafio ainda não acabou. O retorno dos alunos convoca uma vez mais os educadores a dar continuidade a esse trabalho de cuidado que vimos durante o ensino remoto e que vai muito além do aspecto pedagógico prático, estendendo-se também para o âmbito afetivo.

Isso porque mesmo com todo suporte, a mudança de cenário abrupta e as novas formas de aprendizado comprometeram as dimensões não só de ordem física e cognitiva, como também emocional de todos, e essa dimensão merece atenção especial e prioridade neste primeiro momento.

Esse novo cenário impõe também uma reavaliação dos métodos e práticas empregados em meio ao ensino remoto, bem como uma análise do conteúdo que foi efetivamente incorporado pelos alunos, do conteúdo que ficou para trás e também aquele que, a partir de agora, precisa ser priorizado.

Neste artigo pretendemos falar da importância do acolhimento e recepção afetiva e também das práticas e exigências no novo modelo de aulas.

Uma acolhida receptiva

Depois de muito tempo longe, a tão esperada hora da volta chegou! Mas essa volta não será como um retorno das férias ou um feriado um tanto quanto prolongado.

Além de seguir os protocolos de segurança para garantir a saúde de todos, há uma série de aspectos que devem ser colocados à frente de qualquer outro.

Como por exemplo a dimensão dos impactos que a pandemia causou e como isso afetou a saúde mental das pessoas. Famílias que perderam pais, mães, tios e avós, crianças que conviveram com o estresse de seus responsáveis frente ao desemprego e a crise econômica cada vez mais imanente são fatores que contribuíram em grande medida, senão em sua totalidade, para o estresse mental, o comprometimento cognitivo e interferência na produtividade de todos.

Pesquisas têm estudado os efeitos psicológicos da pandemia e descobriram que todo o estresse gerado pode impactar significativamente o emocional das pessoas. Essas interferências manifestam-se sob a forma de comportamento agressivo, aumento da ansiedade, dificuldade de concentração, insônia e depressão, tudo isso afetando cada indivíduo em graus diferentes.

Com todas essas questões, como chegar em sala e dizer: “Bom, turma, vamos dar continuidade ao conteúdo da aula passada”? Como ignorar todas as experiências desses quase 2 anos de ensino remoto?

A resposta para essa pergunta é: não tem como. Em função de todos esses aspectos, a saúde mental de educadores, gestores e alunos tem sido tema de discussão e preocupação na volta às aulas.

Por essa razão, defende-se que esse é o momento de partilhar experiências e entender os impactos socioemocionais gerados pela pandemia para que isso contribua para a saúde mental de todos e possa reverberar bons resultados tanto nas técnicas de ensino quanto na incorporação do aprendizado.

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E quais são os caminhos para se fazer isso?

A comunicação é a chave!

Depois de tanto tempo sem contato com aqueles que antes faziam parte do nosso cotidiano é fundamental restabelecer os vínculos e falar sobre os sentimentos.

Os educadores podem criar redes de colaboração entre si para que discutam não só os resultados da metodologia estabelecida no formato síncrono, como também os resultados que vêm sendo alcançados após o retorno.

Essa troca de figurinhas pode ajudá-los em suas práticas de sala de aula e orientar sobre quais os melhores caminhos a se seguir. E essa conversa pode (e deve) ampliar-se!

O professor pode criar situações para que os alunos também compartilhem suas vivências e sentimentos,

E isso pode ser feito de diversas formas, dependendo do modo com o qual o aluno se sinta mais confortável, seja por meio de um desenho, um poema, uma música ou até mesmo em rodas de conversa.

E o planejamento também!

A Base Nacional Comum Curricular, mais conhecida como BNCC, é um documento que define as diretrizes que precisam ser trabalhadas em sala de aula, que são elaboradas tendo em vista um conjunto de habilidades que os alunos devem desenvolver gradualmente e em um período e contexto específico.

Em uma sala de aula, constituída fundamentalmente por diferenças, são necessárias diversas técnicas de avaliação para que as crianças caminhem em um nível próximo.

Professora em sala de aula no retorno das aulas presenciais durante a pandemia de COVID-19.

Neste contexto, é preciso considerar que há, ainda, o agravante de que o modelo remoto inseriu as crianças em outro contexto, modificou a rotina e ambos os lados precisam se adaptar às novas necessidades . São situações que fogem do controle das escolas e em razão disso,  algumas relataram relativo atraso no calendário ou a necessidade de deixar um tema para depois.

Sabendo da dificuldade de cumprir integralmente o calendário, o Conselho Nacional de Educação publicou um parecer onde flexibiliza e consente às escolas a liberdade de optar pelos temas dos quais julgarem ser mais importantes para o aprendizado das crianças.

Mas é claro que esses critérios elaborados pela equipe gestora devem ter respaldo no currículo pedagógico e precisam levar em conta:

  • As propostas da BNCC para o desenvolvimento das habilidades dos alunos;
  • A necessidade de desenvolver os temas centrais que criem bases sólidas para que no ano seguinte os alunos possam avançar do ponto em que estavam;
  • Deve ser considerado também aquilo que o aluno já sabe e que conseguiu aprender durante o período assíncrono.

Nesse momento, analisar novas perspectivas, ressignificar alguns conceitos e desenvolver formas para superar os novos desafios que estão no contexto ajudam a nortear quais os temas, habilidades e conteúdos podem ser mais relevantes.

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