A natureza como ferramenta pedagógica: saiba como trabalhá-la em sua escola
Preservar o meio ambiente e os recursos naturais do planeta não é só uma questão de responsabilidade ambiental — trata-se, também, de sobrevivência e manutenção das gerações futuras, bem como da própria saúde a longo prazo.
Sabe-se da importância de não poluir os rios e a atmosfera, no geral; e também de proteger as áreas verdes, de plantar árvores, dentre outras práticas. Mas, como trabalhar essa consciência ambiental nas instituições de educação? Uma das opções é, justamente, usar a natureza como ferramenta pedagógica! Até para criar, desde cedo, essa aproximação entre as crianças e o meio ambiente.
Ademais, não para por aí: o contato com a natureza não é apenas um bom negócio no que se refere à saúde a longo prazo e à preservação do planeta e das próximas gerações — segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), essa ligação traz muito benefícios, também, para o desenvolvimento dos pequenos, em diversos setores.
A seguir, falaremos um pouco sobre os benefícios de incluir a natureza na vida das crianças e adolescentes, e como fazer isso na escola. Acompanhe!
Os benefícios da natureza na saúde — e como ferramenta pedagógica
“Muitas pesquisas surgiram nos últimos anos mostrando que o convívio com a natureza na infância e na adolescência melhora o controle de doenças crônicas como diabetes, asma, obesidade, entre outras”. A afirmação é do Manual de Orientação “Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes”, divulgado em maio de 2019 pela SBP.
O documento aponta que, de acordo com as evidências científicas, esse convívio também:
- Diminui o risco de dependência ao álcool e a outras drogas;
- Favorece o desenvolvimento neuropsicomotor;
- Reduz os problemas de comportamento;
- Proporciona bem-estar mental;
- Equilibra os níveis de vitamina D;
- Diminui o número de visitas ao médico.
Ainda conforme o Manual da Sociedade Brasileira de Pediatria, o contato dos pequenos com a natureza ajuda a fomentar:
- A criatividade;
- A iniciativa;
- A autoconfiança;
- A capacidade de escolha, de tomar decisões e resolver problemas.
Tudo “contribui para o desenvolvimento de múltiplas linguagens e a melhora da coordenação psicomotora. Isso sem falar nos benefícios mais ligados ao campo da ética e da sensibilidade, como encantamento, empatia, humildade e senso de pertencimento”, acrescentou o Manual de orientação.
Nesse sentido — primando pelas crianças e adolescentes, e para que eles tenham a oportunidade de alcançar todos esses benefícios — o documento da Sociedade Brasileira de Pediatria faz algumas recomendações. Em geral, a proposta é que haja um trabalho conjunto entre as famílias, os pediatras, o poder público, os educadores e as escolas.
Aproveitando a natureza como ferramenta pedagógica: conheça algumas práticas para contribuir com o processo
Pensando na natureza como ferramenta pedagógica e, especificamente, na esfera dos educadores e das escolas, o Manual de Orientação da SBP sugere:
► Desenvolver, nas instituições de ensino, estratégias com o objetivo de aumentar as oportunidades para o brincar e o aprender ao ar livre;
► Avaliar o processo educacional, com o objetivo de reavaliar os espaços, as práticas, a organização, as rotinas e o tempo escolar, considerando e reconhecendo, agora, “o valor do brincar e do aprender com a — e na — natureza”;
► Em relação aos espaços, que a escola seja pensada e planejada com o objetivo de facilitar o acesso da comunidade escolar ao ar livre e à natureza;
► Pesquisar “referências de sucesso de territórios educativos, cidades educadoras e comunidades de aprendizado que privilegiam a natureza como pilar de seus projetos pedagógicos. Visitas de campo, estudos do meio, excursões e passeios também são ótimas estratégias e devem ser tão frequentes quanto possível”;
► Ouvir as considerações das crianças e adolescentes a respeito dos ambientes escolares e, munidos dessas informações, procurar qualificar esses espaços;
► Sempre que for possível, proporcionar aos alunos o contato com elementos naturais — como pedras, folhas, galhos, conchas, brinquedos de madeira, dentre outros materiais que remetam à natureza;
► Planejar atividades de plantio, cultivo, colheita e preparo de alimentos que envolva toda a comunidade escolar;
► Pensar em atividade que promovam a conexão emocional entre os alunos e a natureza — visto que isso vai auxiliá-los “a adotar atitudes que contribuam para uma sociedade sustentável e que respeitem todas as formas de vida”;
►Ter consciência, bem como transmitir aos jovens, que os benefícios são mútuos — ou seja, assim como o ser humano precisa da natureza, a natureza precisa do ser humano;
►”Planejar e executar processos de formação que busquem o aprimoramento do olhar do educador para os espaços escolares e para a potência das experiências educacionais que acontecem nos pátios e em outros territórios educativos naturais”;
► Buscar envolver as famílias dos estudantes em todo esse processo de ligação com a natureza — visto que elas podem transformar-se em importantes apoiadoras.
Sobre os espaços escolares
O documento da Sociedade Brasileira de Pediatria ainda salientou que, de acordo com pesquisas, fazer o planejamento do pátio escolar “pode aumentar não só as possibilidades do brincar, como também a qualidade do ensino curricular — matemática, ciências, escrita — e a motivação dos alunos e professores em engajar-se no processo de ensino e aprendizagem”.
Elementos como árvores, sombras, galhos soltos, sementes, flores, terra, água, cordas, bem como a maneira como estes estão organizados, contribuem com o desejo de permanência no pátio, tanto dos estudantes quanto dos educadores, pontuou a publicação. “Cada escola deve adaptar, organizar e usar seu espaço de acordo com seu terreno, recursos financeiros e, principalmente, de acordo com sua trajetória pedagógica”, completou O Manual de Orientação da SBP.
Gostou deste conteúdo referente às práticas que auxiliam os educadores a usarem a natureza como ferramenta pedagógica? Para ficar por dentro de mais temas como esse, não deixe de acessar o site do programa SUPERA NEUROEDUCAÇÃO para escolas. Nele, você encontra diversos artigos e notícias sobre educação, ensino e aprendizagem!